quinta-feira, 19 de julho de 2007

O Homem moderno volta a viver nas cavernas


No livro “um dia na vida do século XXI”, o escritor Arthur Clarck prevê que a humanidade voltará às cavernas, não para viver como os ancestrais dos pré-históricos Flinstones, mas como os moderníssimos Jetsons do desenho animado, o homem da classe média vai viver debaixo da terra, em “casas inteligentes”, com todo conforto.

Clarck previu em seu livro que a habitação subterrânea será uma tendência inclusive nos centros das cidades. Ele só não esperava que o processo pudesse ser desencadeado mais cedo, pois já existe em Kansas, nos Estados Unidos, um complexo industrial de 15 Km² no subsolo, a 25 metros de profundidade. E em Iron Mountain, no Vale do Rio Hudson, uma velha mina abandonada acabou sendo transformada num conjunto de apartamentos de luxo. Mais de três mil casas já foram construídas nos Estados Unidos.

Consciência Ecológica

Apesar de todos os avanços da tecnologia, o homem continua preocupado com o grande desafio do próximo século, a preservação do meio ambiente, cada vez mais degradado.

O grande responsável pelas casas subterrâneas nos EUA, o arquiteto Thomas Bigh, do Instituto de Tecnologia de Masachussets, disse à revista “Omni” que morar debaixo da terra “faz parte da consciência ecológica que dominará as próximas décadas”.

Pat Clarck, moradora de uma casa subterrânea em River Fals, Wisconsin, disse à revista que a maior vantagem é a economia de eletricidade. Além disso, segundo ela, no espaço em cima da casa podem ser plantadas árvores ou grama, para produzir oxigênio e combater a poluição. Segundo Thomas Bigh, é possível reduzir em 75% a energia gasta em aquecimento no inverno ou em resfriamento no verão.

Lofts Nucleares

Medo de atentado terrorista e desejo de ser diferente levam americanos a morar embaixo da terra, em antigas bases de mísseis.

Edward Pedem posa para foto – um cilindro de conexão da casa (à esq.) e sala deve estar no primeiro subsolo (ao lado).

A casa do pesquisador britânico Tony Crossley, no estado Americano de Wyomino, é de dar inveja a qualquer morador neurótico das grandes cidades brasileiras.

Sua porta parece um cofre forte, ela resiste a furacões e até a bombas de hidrogênio. Pudera, foi construída na década de 60, no auge da Guerra Fria, com o objetivo de abrigar uma base de mísseis. “Aproveitei a segurança da estrutura da base abandonada de chumbo e aço”, conta Crossley. Seu estilo de vida subterrâneo, antes visto como coisa de maluco, ganhou adeptos depois dos atentados de 11 de setembro.

O negócio tornou-se tão lucrativo que velhas bases estão sendo leiloadas na internet. “Venha desfrutar do prazer de uma casa embaixo da terra, com aeroporto próprio, por apenas US$ 100 mil”, diz o anúncio publicado no site Castelos do século XXI, de Edward Peden, corretor de imóveis especializado na venda de silus. Ele já comprou e revendeu mais de 30 fortalezas subterrâneas e particulares.

O próprio Peden mora com a mulher embaixo da terra, numa base de mísseis no Estado do Kansas, “Não tenho luz da rua mas um gerador com baterias de 27.000 quilos; não tenho porta comum, e sim uma elétrica, de 47 toneladas; descreve orgulhoso. Peden investiu sete anos e alguns milhares de dólares para transformar o árido centro de segurança num lar amplo e aconchegante. A entrada é por uma casa comum, no nível do solo, adaptada para fazer a conexão com o subterrâneo e dar ao complexo residencial uma aparência de normalidade; “usamos todos os espaços, principalmente a sala de estar do primeiro andar negativo”, explica Dianna Peden, sua esposa. “Não há nada mais seguro que uma base de mísseis para morar”, resume a empresária Marie Thompson, que perdeu o irmão nos atentados de 11 de setembro e admite preocupar-se excessivamente com segurança.

Geralmente, as bases se localizam em cidades longínquas e solitárias. Elas foram construídas em uma época em que os Estados Unidos precisavam mostrar seu poderio nuclear à antiga União Soviética. Cada base custou cerca de US$ 20 milhões ao governo e nunca chegou a disparar um míssel.

A maioria foi fabricada na década de 80 e encontra-se debaixo d’água, inundada pela chuvas. Mesmo assim há quem pague até US$ 1 milhão para viver em uma delas. “Vale a pena ter uma casa exclusiva”, confirma John Reeves, que deu um lance de US$ 240 mil numa unidade do Kansas.

Ela reforça a tese de que não apenas a paranóia com segurança leva os endinheirados a investir numa casa subterrânea. Incrivelmente, muita gente faz isso por uma simples questão de estilo.

As casas foram adaptadas de carcaças de bases dos modelos de Mísseis Atlas e Titam.


Desenho: Por fora parece uma casa normal; no subsolo cômodos à prova de bombas atômicas e tornados.

1 – Construções

Feitas em terrenos arenosos e desabitados, próprios para escavações rápidas.

2 – Bem – estar

A temperatura na parte subterrânea é mais fresca no verão e mais quente no inverno.

3 – História







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