No livro “um dia na vida do século XXI”, o escritor Arthur Clarck prevê que a humanidade voltará às cavernas, não para viver como os ancestrais dos pré-históricos Flinstones, mas como os moderníssimos Jetsons do desenho animado, o homem da classe média vai viver debaixo da terra, em “casas inteligentes”, com todo conforto.
Clarck previu em seu livro que a habitação subterrânea será uma tendência inclusive nos centros das cidades. Ele só não esperava que o processo pudesse ser desencadeado mais cedo, pois já existe em Kansas, nos Estados Unidos, um complexo industrial de 15 Km² no subsolo, a
Consciência Ecológica
Apesar de todos os avanços da tecnologia, o homem continua preocupado com o grande desafio do próximo século, a preservação do meio ambiente, cada vez mais degradado.
O grande responsável pelas casas subterrâneas nos EUA, o arquiteto Thomas Bigh, do Instituto de Tecnologia de Masachussets, disse à revista “Omni” que morar debaixo da terra “faz parte da consciência ecológica que dominará as próximas décadas”.
Pat Clarck, moradora de uma casa subterrânea
Lofts Nucleares
Medo de atentado terrorista e desejo de ser diferente levam americanos a morar embaixo da terra, em antigas bases de mísseis.
Edward Pedem posa para foto – um cilindro de conexão da casa (à esq.) e sala deve estar no primeiro subsolo (ao lado).
A casa do pesquisador britânico Tony Crossley, no estado Americano de Wyomino, é de dar inveja a qualquer morador neurótico das grandes cidades brasileiras.
Sua porta parece um cofre forte, ela resiste a furacões e até a bombas de hidrogênio. Pudera, foi construída na década de 60, no auge da Guerra Fria, com o objetivo de abrigar uma base de mísseis. “Aproveitei a segurança da estrutura da base abandonada de chumbo e aço”, conta Crossley. Seu estilo de vida subterrâneo, antes visto como coisa de maluco, ganhou adeptos depois dos atentados de 11 de setembro.
O negócio tornou-se tão lucrativo que velhas bases estão sendo leiloadas na internet. “Venha desfrutar do prazer de uma casa embaixo da terra, com aeroporto próprio, por apenas US$ 100 mil”, diz o anúncio publicado no site Castelos do século XXI, de Edward Peden, corretor de imóveis especializado na venda de silus. Ele já comprou e revendeu mais de 30 fortalezas subterrâneas e particulares.
O próprio Peden mora com a mulher embaixo da terra, numa base de mísseis no Estado do Kansas, “Não tenho luz da rua mas um gerador com baterias de 27.000 quilos; não tenho porta comum, e sim uma elétrica, de 47 toneladas; descreve orgulhoso. Peden investiu sete anos e alguns milhares de dólares para transformar o árido centro de segurança num lar amplo e aconchegante. A entrada é por uma casa comum, no nível do solo, adaptada para fazer a conexão com o subterrâneo e dar ao complexo residencial uma aparência de normalidade; “usamos todos os espaços, principalmente a sala de estar do primeiro andar negativo”, explica Dianna Peden, sua esposa. “Não há nada mais seguro que uma base de mísseis para morar”, resume a empresária Marie Thompson, que perdeu o irmão nos atentados de 11 de setembro e admite preocupar-se excessivamente com segurança.
Geralmente, as bases se localizam em cidades longínquas e solitárias. Elas foram construídas em uma época em que os Estados Unidos precisavam mostrar seu poderio nuclear à antiga União Soviética. Cada base custou cerca de US$ 20 milhões ao governo e nunca chegou a disparar um míssel.
A maioria foi fabricada na década de 80 e encontra-se debaixo d’água, inundada pela chuvas. Mesmo assim há quem pague até US$ 1 milhão para viver em uma delas. “Vale a pena ter uma casa exclusiva”, confirma John Reeves, que deu um lance de US$ 240 mil numa unidade do Kansas.
Ela reforça a tese de que não apenas a paranóia com segurança leva os endinheirados a investir numa casa subterrânea. Incrivelmente, muita gente faz isso por uma simples questão de estilo.
As casas foram adaptadas de carcaças de bases dos modelos de Mísseis Atlas e Titam.
Desenho: Por fora parece uma casa normal; no subsolo cômodos à prova de bombas atômicas e tornados.
1 – Construções
Feitas em terrenos arenosos e desabitados, próprios para escavações rápidas.
2 – Bem – estar
A temperatura na parte subterrânea é mais fresca no verão e mais quente no inverno.
3 – História